Esquiva.

Sentimento e razão vivem dias de tempestade. Sinto amor e ódio. Quero perdoar e vingar. Quero me violentar e sair em busca do prazer, deste prazer que é desculpa para todos as fraquezas do homem e atrás do qual os covardes se escondem. E talvez assim ter anestesiada esta dor profunda, importante e verdadeira. Insuportável e indizível.
Meu coração é uma ferida aberta e, para meu castigo, sinto-me condenada por um crime que não é meu.Passo os dias a me inundar de afazeres, para não pensar. Passo as noites tentando adormecer na esperança de que não haja um novo amanhã.
Desejaria que meus pés já não pisassem mais este chão, que minha alma já tivesse partido em busca de paz. Sou humanamente incompetente para lidar com esta dor que me invade.
Lancinante e imensurável.

Um escrever pueril.

Dia desses, conversava eu com um amigo de infância, e quando digo de infância, não digo desde a infância, a amizade ficou lá trás, perdida entre banhos de piscina e empurrões no balanço do sítio. Passamos horas, ou pelo menos queria que fossem, a dividir histórias, memórias, tesouros que pensei ser a única a guardar.
Cada novo despertar matinal, nesta vida em que não escolhi os caminhos, traz-me apenas a intesidade que esperei na certeza de não mais querer ser adulta. O curioso é que sempre acordo com a mesma vontade de fazer tudo diferente, e, não raro, deito-me sem ter feito nada. Quem dera tivesse eu ainda as preocupações de infante. "Quantas peças faltam-me para completar o quebra-cabeças?"; "Hoje quem serei no meu bricar de faz de conta?". Sinto falta da simplicidade, que hoje mal encontro em minhas palavras.
Também raras.

Tolice.

- Empacaste?
- O vazio me emociona.
- Abandonas a fantasia de raposa e transpareces a paca que és.
- Vil realidade.

- dia 1

A raiva não passa.
Hoje a tristeza não é passageira.
Não importa quantos banho gelados eu tome, quantos copos de água com açúcar eu beba, quantos discos de música clássica eu ouça.
Hoje a raiva não passa, e nem quero que passe. Quero lembrar de você, do me fizeste sofrer. Quero chorar, me corroer.
Morrer de vontade de morrer.

Que é pra ver se isso passa -
se você passa.

E vai embora! -
pra não mais voltar.

Influenza.

Uma gripe nada inspiradora.

Arder.
Tossir.
Chorar.
Morrer.
(de rir)

Calíope.

 Pergaminho digital.

Ela permanecia,
pernas cruzadas,
rosto apoiado em uma mão
e seu precioso livro na outra.
Era feliz.

Oito.

Ainda quero ouvir a tua história,
chegar ao final e 
dizer-lhe que prefiro recomeço.

Um jovem rapaz caminha
à noite com seu cão.
Fiel escudeiro.
É tarde, tarde demais.
- vem hachi, vem!
esperar-te-ei para sempre
Pedro.
Sempre.

Incólume.

coração calcinado
esturricado
Adurido pelos olhos teus
um braseiro lascivo
fitar sofrido
Imune.