Contradictoire.

To pursuit a dream.

Há sonhos e sonhos, pessoas e pessoas.
E há felicidade para alguns.
A tristeza para muitos. 
A maioria da maioria.
A buscar o ínfimo.
Não negues. A procuras também.
Em sorrisos alheios, em passeios.
Em contracheques com poucos vinténs.
Em rimas, floretes e buquês.
E te repetes que a solidão lhe cai melhor.
Não mintas, não enganes a ti mesmo.
Aceites a tua contradição.
Não és raposa.
Mas um medíocre cão.

A vida é uma peça sem coxia.

Dedicado a alguém cujas palavras me encantam.

Abrem-se as cortinas, entra em cena o Arlequim.
A entreter as mentes vazias.
Preencher-se do ócio que emana da platéia vil.
Busca em meios aos rostos embaçados.
Uma face com lábios rubros.
Precisa entregar-se, livrar-se deste coração maltrapilho.
Desfazer-se das perpicazes fugas de insetos e realidade.
Fim de espetáculo.
O Arlequim saca um punhal,
desfere contra si um golpe certeiro.
Entrega sua essência ao público desafeiçoado.
Desfaz-se em cena.
Chega de atuação!

A Páscoa do Senhor.

Uma postagem de Páscoa atrasada.

Teu sangue em meu pêlo.
A salvação do Senhor.
Derramado apesar desta minha falta de esmero.
Deste meu desamor.
Este apego as coisas mundanas.
Possuídoras de nenhum valor.
Ainda assim,
sangras e choras por mim.
Uma raposa medíocre,
suja, hipócrita.
Indigna, pecadora.
Mas Tu és mesmo assim.
Ama aqueles que menos merecem.

Celebrada seja a ressurreição do meu Senhor.

Escarlate.

Guardava em seu pêlo
a limransa dos tempos vindouros.
Tingia-se d'ouro.
A raposinha infeliz.
Vocalizava os prantos
de vidas não-vividas.
Vida sofrida.
De morte intrínseca.
Não mais a líder do bando.
Não mais a pequena escarlate.

Então, o que será que seria, poesia.

Poesia é o acariciar do vento no meu pêlo.
Pele.
Peleja de sentimentos.
Momentos.
Inesquecíveis, encantadores.
Dores de amor e de rubor em tua face.
Ah, se fosse eu da tua boca o carmim.
Para que estivesse em você como estás em mim.
Minuciosamente cativante.
Seguindo avante com indagações mil.
Milagre seria se não quisesses ser do mundo.
A fundo, pergunta e resposta de tudo.

Palato Divino.

Observo o firmamento.
Ele me parece hoje, tão mais bonito.
O vozerio ao meu redor não mais amofina-me.
Basta-me fitá-lo.
Com seu azul-infindo.
Gosto do céu assim, à noite.
Com vontade de ficar nublado.
Uma pintura olímpica.
Lembra-me os dias no campo.
No anfiteatro das vidas passadas.
Vida de cão.

Como se supera a perda de um filhote?

Foste concebido por amor.
Vi meu corpo mudar enquanto crescias dentro de mim.
A alegria de ver teus olhinhos brilharem, sorrindo para os meus.
Superou a dor de seu nascimento.
Cada passo que davas, cada palavra que aprendias.
O teu primeiro "mamãe".
Momentos que nunca esquecerei.
Teu primeiro dia na escola, a independência reluzindo em teu olhar.
Como eu queria que fosses mais dependente.
Crescias, metade de mim, cheio de mim.
Ensinaste-me a amar incondicionalmente.
Agora estou aqui, contrariando a ordem natural da vida.
A velar teu corpo miúdo.
Acariciando tua pequenez agora pálida.
Oh, destino injusto.
Apagaste o rubor da face do meu anjinho.
O fizeste voltar aos braços do céu.
Cedo demais.
Cedo demais.

Raposas não são domesticáveis.

Não importa o quão cativante sejas.
Indifere o teu zêlo.
Teu pelo, roçando no meu.
Tua pele tão macia.
Tão humana.
Teu corpo quente.
O teu arfar.
É irrelevante esta tua vontade de me possuires.

Raposas não são domesticáveis.

Mi casa es tu casa.

Estranhou a falta de terra? Sem vegetação camuflando a entrada da toca.
Porque o meu esconderijo é a céu aberto, com o vento escovando o pelo.
Não me escondo de predadores, com estes sei lidar mui bem.
Sou, por natureza caçadora, de aventuras e liberdade.
Uma alma selvagem. Uma raposa alada.
Voando com as asas que as palavras me deram.

Este é mais um lugar para ouvir as intrépidas aventuras da Raposa.

Bienvenidos a mi guarida.