Fidúcia.

Don't you hear sincerity in my voice when I talk?

Às vezes temo que a aversão que nutro por certas pessoas transpareça no olhar,
escape à língua, se faça
palpável.
É evidente,
clara,  (des)motivada,
 veemente. Braseia meu espírito e o abandona através de palavras mordazes.

Cianeto.

Seu tórax comprimia-se na esperança de expelir todo aquele ar venenoso de suas entranhas, podia sentir a pressão nos pulmões, nos olhos. As extremidades de seu corpo frágil adormecendo, o gosto salgado (tão familiar), os movimentos lentos. E a mente, fervilhando em teorias e possibilidades, infinitas. O corpo respira, clama por alimento: a alma. Estica-se no divã, toma para si a gravata do Eduardo, a enrola em volta do pescoço e puxa com força. Oxigênio não chega a seu destino, todo o corpo formiga pouco antes de perder a consciência. Mais uma vez amor.
Mais uma vez.

Chorume.

Como pode alguém sonhar
o que é impossível saber?

Não era como a outras.
Definitivamente não.
Crescia vistosa, apetitosa.
Olhares, não raros, pairavam sobre sua suculência.
Neste momento final,
só restava a recordação dos olhos sujos sobre si.
A latência foi excessiva, o tempo de maturação, excedido.
A casca não mais esconde, a fruta apodreceu.
Enfim a colheita.
E o descarte.
Ela já não serve mais.
I searched for truth
And all I found was You
My God I'll only ever give my all
Jesus I'm living for Your Name
I'll never be ashamed of You
In my praise
In all I am today
Take, take, take it all
... parece besteira gostar tanto assim de alguém, mas pra ser amor só pode ser com nós dois...

Não é mais segredo.

Não era segredo que gostava de escrever e que suas personagens eram partes fragmentadas de sua personalidade instável. Todas apresentavam aqueles aspectos comuns: tristeza, solidão e a ânsia pela tão desejada liberdade.
Ela sempre sabia o que suas personas deveriam fazer, encontrava soluções, opções, vias de fácil escape, tentando incansavelmente descobrir maneiras de escrever seu próprio futuro, afinal.
Sonhava com o amor, embora o negasse até o fim, buscava-o e ao encontrá-lo, por medo, desfazia os laços. Manteve-se assim, emocionalmente promíscua, durante muito tempo, tempo demais. Aproximações por parte dela tinham sempre interesses momentâneos... Supria suas carências afetivas com breves momentos desfrutados ao lado de estranhos, sentia-se superior por não se deixar apegar, não estabelecer vínculos.
Mas toda boa história merece um porém. Ela era madura e autossuficiente, mas se apaixonou. Era intocável, indomável e agora dobrava-se ao amor.
De onde vem tanto amor? De onde quer que tenha vindo, é agora bem-vindo.
Libertador, abjugou-a da solidão, desatrelou a tristeza costumeira, e ao prendê-la, o que ela espera ser para sempre, fê-la provar o doce e desejado gosto de liberdade.


"Acho que no fundo ela sabia.   
Ela, era eu."

Ah, o amor...

Tudo o que eu evitei, durante tanto tempo, é agora o que me faz abrir os olhos pela manhã. Foi difícil pra eu admitir isso, mas o amor também me pegou. A verdade é que, mais dia, menos dia, ele vai pegar a todos nós. Uns para sempre, outros, de uma maneira tão fulminante que, tudo o que deveria acontecer em uma vida, acontece em poucos dias. Espero que comigo seja para sempre.
A sensação que ele provoca é mágica. O prazer que o amor me causa é justamente esse: a felicidade do outro me deixa mais feliz que a minha própria. Mas também não são só flores. Existe o ciúme, de tudo, dos amigos, dos parentes, da sombra. Ciúmes até de quem o abraça, porque, por um momento, alguém está segurando o meu mundo inteiro. 
É difícil comportar o coração no peito em tempos como esse, porque pior do que carregar um coração partido, é carregar um coração apaixonado. Porque o partido dói, simplesmente. Por mais insuportável que seja, ainda é apenas dor. Já o apaixonado não; ele pára, dispara, diminui de tamanho, fica apertado e também dói; de repente fica enorme, não cabe no peito, faz querer gritar e pede, implora por presença quando tudo o que se tem é a ausência.
A distância é o mal do século, pelo menos pra mim. A distância que me separa da minha outra metade, da pessoa que me completa, que me tortura todas as noites por não tê-lo comigo. Ela intensifica tudo, tanto as emoções boas quanto as ruins. A sensação de impotência, quando você ouve um "Queria você aqui comigo." e não pode estar junto, tudo isso complica. A distância implanta dúvidas terríveis, sobre tudo e todos. A gente nunca sabe se vai dar certo, nós simplesmente arriscamos. Certeza é pra gente que não ama o suficiente.
Os obstáculos são incontáveis, mas servem de estímulo. A paixão aumenta em função de tudo aquilo que se opõe à ela. A monstruosidade do amor consiste na infinita vontade, nos desejos ilimitados, controlados pelo limite. 




É, ele me pegou também.
 Retirado daqui.

I have a dream and in this dream...

Não uso roupas da moda, não tenho vícios da moda, não sonho os sonhos da moda, não faço as escolhas da moda nem ouço as bandas da moda. Não gosto dos lugares comuns, badalação me incomoda, não faço questão de ser diferente, pois ser diferente também está em voga.
Eu quero uma vida mais simples, ser acordada pelo sol, andar com os pés descalços na terra úmida de orvalho. Pegar fruta do pé, correr atrás de uma garotinha de cabelous louros, deitar num jardim gramado sem me preocupar se estou sujando a roupa, escrever sobre a felicidade transbordando do peito.
Às vezes eu sonho demais.